Dezenove Companheiros (Pedro Munhoz)
Composição: Pedro Munhoz.Dezenove Companheiros
(Pedro Munhoz)
CD Coletânea I (Bônus) - 2006
Mal sabia quem lá estava,
era a morte que rondava,
e um banquete preparava
para as aves de rapina.
Com fuzis e carabinas,
aguardava na surdina,
o momento da chacina,
que ali se desenhava.
Até hoje quem esquece
o sangue na Curva S
e o pavor de quem perece,
Num instante como aquele.
Pago com a própria pele,
que aponta e nos impele,
que a verdade se revele,
condenando quem merece.
Foi o quinto mandamento,
que o cristão por juramento,
respeitando o ensinamento
de repente viu quebrar.
Não podia acreditar,
que na terra de plantar,
para a fome saciar,
fosse o último momento.
Entoando um cantochão,
surge ao longo do estradão,
quem não teve Extrema-Unção,
nem disse adeus na partida.
Quem ficou sem despedida,
se ressente dolorida,
balas que tiraram vidas
e feriram a nação.
E em plena luz do dia,
a queima-roupa, a judiaria,
a matança e a agonia
de um calvário camponês.
O algoz por sua vez,
mente ainda que não fez,
toda aquela estupidez
que foi pura covardia.
Pois a vida não se encerra,
com sete palmos de terra,
nem tão pouco se desterra
em nome da impunidade.
Quem tem medo da verdade,
não merece liberdade,
a sentença dos covardes,
dificilmente se erra.
A historia que escrevemos
aos mártires devemos,
as lições que aprendemos,
para a luta prosseguir.
Não podemos desistir,
nem deixar-se iludir,
pois iremos construir
um país no qual queremos.
Se pergunta o mundo inteiro,
vozes vindas do estrangeiro,
lá do Norte brasileiro,
em Eldorado Carajás.
Do Estado do Pará,
o Brasil não calará,
a justiça se fará
aos DEZENOVE COMPANHEIROS!