Mai uma Vez
Composição: MANO CARECA.A nossa rua esta mais triste,
A violencia ainda existe,
E quem e forte nao desiste,
O povo sofre, mais resiste,
Viveremos o presente,
Pois o futuro a Deus pertence,
O Nossa Senhora, mais uma vez dona Maria chora,
Porque o Zico, seu filho querido, Deus levou embora,
Maldita violencia, que vem e devora,
Tudo comecou tao de repente,
E sua vida foi ceifada maldosamente,
O assassino nao teve do,
E agora o Zico virou po,
Homicida sem coracao,
Nao merece ser chamado de irmao,
Um moleque cheios de planos,
E nem tinha 20 anos,
Tava feliz, tava contente,
E trocava mo ideia com a gente,
Tinha um sonho e nao realizou,
Tirar sua carteira e tirar um moto,
Curtia um som, zoava na moral,
A vizinhanca o achava legal,
Era tao querido, extrovertido,
Nao saia, la de casa, colou comigo,
Eu nao entendo porque tem que ser assim,
O Zico era um irmao pra mim,
Naquela noite, eu tava de boa,
Sentado no sofa, com minha patroa,
A selecao tava jogando,
De repente chega o Naldo me falando,
Levei um choque, nao queria acreditar,
E sua mae chorava sem parar,
Uma lagrima caiu do meu rosto,
Sentir uma dor imensa, mais que desgosto,
O seu irmao se revoltou,
A sua morte o abalou,
Hoje ele vive trancafiado,
Em um presidio super-lotado,
De vez em quando e humilhado,
Tratado como cao, pelos porcos do estado,
Dona Maria nunca mais foi a mesma,
O seu natal nao teve sentido,
Os seus filhos nao estavam todos reunidos,
Foi o primeiro, sem ter voce por perto,
Olho para o ceu, tentando de encontrar,
Tudo e tao quieto, e tao deserto,
Onde voce esta eu sinto sua falta,
Seu moleque, magrelo, peralta,
Puxa! Parece que tu tava adivinhando,
No dia da tua morte Ce tava era zuando,
Brincando de morto na casa do Dilon,
Deitou no sofa, pois a mao no coracao,
Estava tao feliz, ansioso pra ir festar,
Nao parava de brincar, de sorrir, queira logo ir,
Estava se despedindo, a sua morte estava vindo,
Ela e um misterio, nao adianta se lamentar,
Faz parte da vida tudo que nasce morre,
Refrao:
Mais uma vez a cena se repetiu,
Mais uma vez outro mano partiu,
Mais uma vez uma lagrima caiu,
E sem querer meu sorriso sumiu.
So espero que a justica seja feita,
Ela e cheia de erros, ela nao e perfeita,
Mas vamos acreditar, a vida continua,
Temos que lutar contra esse mal,
Que assombra a humanidade,
Maldita violencia, que mata sem clemencia,
Quantos ja morreram e ainda vao morrer,
E preciso crer, acreditar em Deus,
Proclamar a paz, catolico, protestante e judeu,
O Zico morreu por motivo banal,
A vida nao e justa, e pobre matando pobre,
Sera que a molecada nao entende que e isso que eles querem,
Nossa destruicao, o sistema, a burguesia, nao ta nem ai pra nois nao,
Distribui a arma pra voce matar,
Enriquecer a Taurus, pode acreditar,
Vamos virar o jogo, usar o raciocinio,
Chega de exterminio da nossa propria raca,
Vamos estudar, se formar, trabalhar,
Ser alguem, e nao virar bandido,
Vamo que vamo, contrariar esse sistema,
Pra na proxima novela nao virar tema,
Sem essa de ser inferior,
Pobre tambem pode ser doutor,
O crime e uma doenca, todos nos sabemos,
Que isso nao compensa,
Ficar roubando pobre,
Invadindo barraco,
Isso e pra fraco,
Furtar botijao,
Acorda meu irmao,
Isso nao e a solucao,
E nao vem me dizer que nao teve oportunidade,
Que nao tem emprego, isso e mentira, e pretexto pra roubar,
Muita gente que eu conheco, carpiu quintal,
Trabalhou no servico bracal e nao morreu,
E hoje sustenta sua familia na moral,
Espero que esse rap sirva pra alguma coisa,
Que voce absorva essa minha mensagem,
Porque malandragem de verdade e viver,
Sem drogas, sem armas pode-crer,
Essa letra ofereco a voce, Zico 12 de outubro jamais vou esquecer,
Era cedo pra morrer, mais fazer o que,
So resta a saudade, de um amigo de verdade,
Voce nao mereceu,
Ai mano porque voce morreu,
E um misterio, ninguem, sabe responder,
Eu so queria entender, entrar na mente do homicida,
Saber o que ele pensa, porque tirar uma vida,
Sera que se arrepende,
Sera que tem sentimentos,
Ou ri do sofrimento da mae de quem partiu,
Sei la to confuso, deixa pra la,
Vou ficando por aqui,
Mano Careca sem motivos pra sorrir.
Refrao:
Mais uma vez a cena se repetiu,
Mais uma vez outro mano partiu,
Mais uma vez uma lagrima caiu,
E sem querer meu sorriso sumiu.