Neguinho Favelado
Composição: MANO CARECA.Detonei o sistema mais uma vez nao foi facil,
A burguesia quis sorrir com o meu fracasso,
Nao sou homem de aco,
Mais no rap eu arregaco,
Sou mais um neguinho da periferia,
Que nunca viu o pai,
Mais ai, nao vou falar de mim agora,
E sim para a senhora que chora,
Que sofre, implora, para a vaca rica,
Cheia de joia, nao me mande embora,
Preciso de emprego, alimentar meus filhos,
Buscar um pouco de sossego,
Madame rica vadia,nao sabe o que e sofrer,
Nao foi criada aqui, na periferia,
No meio da pobreza,
Da violencia, da droga,
Levantar cedo, pegar bau lotado,
Para nao chegar atrasado,
Senao e humilhado, pela tua laia,
Burguesa, burgues, safado,
Que so entende de moda, sapato americano,
So liga pro dinheiro, pelo carro,
E seus panos,
Quando para o no sinal, ignora,
O moleque finge que nao ver,
A mao estendida, Pedindo R$1, 00,
E fecha o vidro eletrico,
Tambem nao e seu filho,
Que tem chofer,
Pra levar para o colegio,
Dom Bosco, Master, Sao Goncalo, Isaac Newton,
Afirmativo, que privilegio boizinho,
Arronbado, que vai pro Mcdonald,
De carro importado,
Com uma patricinha, vadia do lado,
Que quando me ve impina o nariz,
Se eu fosse um executivo, ela virava a bunda,
Mais como eu nao sou pega o beco vagabunda,
A tua gente me julga um marginal,
Pela minha cor, pelo bairro que eu moro,
Chamado Osmar Cabral,
Cresci aqui, tenho orgulho dessa gente,
Que luta o dia inteiro,
Trabalha pra voce implorando o seu dinheiro,
Aqui nao tem lazer, nao tem,
Shopping das Criancas,
Brinquedo da estrela, mano so na esperanca,
O moleque vai crescer enjoar de comer resto achado no seu lixo, vai arrumar um cano virar um bicho, raivoso,
Contaminado pelo odio, vai entrar na sua mansao,
Todo mundo pro chao, senao eu atiro,
Da senha do cofre desgracado,
Pra nao morrer ensanguentado,
Eu sou aquele moleque do sinal,
Que voce negou, alguns trocados,
Veja so no que voce me transformou,
Num demonio matador,
Agora e tarde pra chorar,
Cade sua policia para te salvar,
E hora de me vingar, pa, pa,
Refrao: Ai boy sou mais um neguinho,
Favelado, que nao paga pau,
Para o seu carro importado,
Nem pra patricinha de nariz impinado, (2x),
Ai madame me dar a chave do carro vou sair voado,
Mal cruzo a esquina dou de cara com a policia,
Nao vou me render, vou sacar o meu oitao,
Trocar tiro com a PM,
Tarde de mais, meu sangue treme,
Estou agonizando, meu fim esta chegando,
O gambe ta me gozando,
E hora de partir, nao sei pra onde ir,
Ai burguesia, a violencia subiu pro asfalto,
Barriga vazia so rende assalto,
O moleque do sinal transformou, num marginal,
Sem mc lanche, sem roupa da moda,
Sem escola e foda,
Queria ser alguem,
E nao pegar um executivo como refem,
A midia relatou, ganhou ibope,
Do sangue do bandido,
Que defende da classe rica que chora,
Pelo doutor que foi embora,
Ai mano o Brasil, e isso ai,
Dos ricos e poderosos,
Do politico safado,
Que tem nojo do favelado,
Que so vem aqui na epoca de eleicao,
Aparece na TV, dizendo que o pais ta bom,
So se for pra voce nojento,
Porque aqui falta o sustento,
Crianca morre ao relento,
Se eu fosse um terrorista, explodiria,
O congresso, o Senado, o Palacio do Governo,
Como diz Faccao:
¿Ta na hora da revolucao¿.
Vamos se unir parar de si matar,
Aceitar tudo calado,
Parar de ver novela,
Viver na ilusao,
Chorar pelo artista, que nao ta nem ai pra voce,
Vendo a TV, falando mal do MST,
To saindo fora Jesus Cristo,
Esta comigo, ele e meu amigo,
E vai me livrar do inimigo,
Que se chama burguesia,
Entao pare de roubar e matar pobre,
Inverta a situacao,
Que deixou essa mensagem e mais um neguinho,
Que busca revolucao, atraves da rima,
Porque o rap e minha obra prima,
Obrigado pela atencao, siga minha ideologia irmao,
Valeu paz,
Refrao: Ai boy sou mais um neguinho,
Favelado que nao paga pau,
Para o seu carro importado,
Nem pra patricinha de nariz impinado, (2x).