Dora
Composição: Roberto Uber.Dora
Que meu poema trema ante teu olhar
e em minha mão pequena caiba a imensidão
desse amor poema que vem arrancar
meu coração em flor somente pra lhe dar.
Ondas que colhi na areia,
conchas que roubei ao mar,
dor do grito das baleias:
tanto tenho pra lhe dar.
Mesmo louco, mesmo cego,
nos caminhos mais sozinhos,
meu amor irá me guiar.
Mesmo que se cale
nas mentiras que me iludo,
mesmo mudo,
sempre vai nos chamar.
Mesmo que seja perigo,
mesmo que seja fugaz,
pérola dos meus sentidos,
tanto tenho pra lhe dar.
Mesmo fome dos famintos,
com seu grão e vinho tinto,
o amor irá nos fartar.
Mesmo sendo surdo
às razões do mundo,
meu amor aos seus apelos
sempre vai se entregar.
Veja o fogo dança comigo,
bombas me arrancam o chão,
pão que doura em minha mesa,
chama acesa no fogão.
Brilhar, morrer
de revirar no leito,
prazer.
Roubar, querer,
revirar panelas,
comer.