Elis
Composição: Roberto Uber.Elis
(para Elis Regina)
Se me tomassem assim no meio de uma festa
e se afogassem em mim o poço de uma água,
me incendiando no fim a magia das cores,
arco-íris na mágoa de uma lágrima,
seria hélice no vento, o sopro dessa voz.
Era um buraco no mundo, eu via a sua alma
como um coração na carne viva de uma ave
se debatendo no fio fluido do meu sonho,
me prendia aos finos nós da teia,
como uma seda de um casulo, a roupa dessa voz.
Se me acontecesse por um triz
de ter os olhos nus na poesia
com toda a fantasia bailando à revelia,
incendiando o círculo do sol.
E ela foi bailando ao meu redor
e me fez dançar até o fim,
gira, rodopia, faca que tateia
ponta irreverente de cristal.
E ela se foi no brilho de um quasar sem nome
para o pouso de uma praia onde possa beber do mar.