Poucas bandas tem uma arvore genealógica tão vistosa como a SonicVolt. São galhos contemporâneos vergados ao peso de Queens of the Stone Age e Nebula; um denso e solido caule do rock 70 de Black Sabbath, Led Zeppelin e Blue Cheer; e raízes tão diversas que vão do pré-punk de Detroit e psicodelia sessentista de cepas vigorosas, como Hendrix e Floyd. Transitando entre o experimentalismo, a psicodelia e ainda arriscando alguns elementos de punk, esse trio pioneiro do stoner rock no Brasil sabe bem como respeitar essas origens. Exatamente por isso, mantém -- alheio a modismos -- os dois pés fixos no rock de alta-energia, como o próprio nome da banda sugere. Seja na empolgante Cerveja e Aditivos, na experimental "O Diabo Ouve Jazz", no tonificado e improvável cover "Xote de Jaguarão" ou na ainda sem registro "Atômica Revelação", o copo de "rock puro e sem gelo" -- como a banda se auto-descreve -- está sempre cheio a borda. Mas, como toda banda de rock de respeito, e no palco que alcançam seu zenite sonoro. Enquanto o baixista Dudu não se limita a escoltar a guitarra, sempre buscando notas com vida própria, Alcio complementa a seção rítmica como se suas baquetas fossem os controles de uma retroescavadeira pronta a fazer algum prédio abandonado enfrentar seu terremoto particular. E o guitarrista Duda lidera os vocais enquanto despeja riffs, bases e solos -- agitados e densos como nuvens que carregam tempestades elétricas. Quatro anos que serviram de maturação ficaram no retrovisor. Foram dezenas de apresentações no estado, festivais nacionais, participações em coletâneas, mudanças na formação, ajustes de direção. Tudo isso parece ter feito bem a SonicVolt, que a cada novo encontro com gravadores e microfones, a cada show, se sai melhor, mais lapidada e mais colossal. ..