Tem noite que o barulho na cabeça , Atrapalha o pensamento e não me deixa adormecer, Esse zumbido de mosquito a noite toda no ouvido, Não deixa nenhuma ideia florescer, Até parece que ele já sabia que pra gente louca, É ruim pensar demais, E o copo sujo em cima da pia, Da tristeza e a cabeça começa a rodar. Aquela velha história de que quando a fome aperta, Um monstro se desperta e a testa se enruga até doer, E o frio na espinha antes de abrir a conta , Prova que nasci mesmo no Brasil.. Até parece que eu era gringo, Comia fast food até inchar, E sair da dieta no domingo, Fazia barriga mole balançar. Acordar de manhã sem ter medo do sol, Socando minha cara de caracol, Quero um fim de semana precoce, Xarope pra acabar com a tosse, Encontrar todo dia alguém que compreende, Ou que tente sequer demonstrar que entende, Essa gente medíocre, Que vê a simpatia, como coisa de anormal. E cospe sua azia, No prato que ele mesmo vai comer. Tem dia em que o pão com ovo de manhã, É o que a noite completa minha sopa de letrinha. E a chuva que molha e não limpa, O cerol na linha da pipa que não é minha, Tem gente inalando todo dia, Uma tora de mato seco pra acalmar, Tem moça pedindo anestesia, Pra dor de cotovelo o que é que há? Tem bicho se reproduzindo, Pra boia da linhagem aumentar..