Como fortes ondas batem em grandes rochas, Como um beija-flor, as asas cortam o ar. Movimento repetido, um som que bate e volta, É dessa forma, desse jeito que devo cantar. Quantas palavras consolam o pai no velório do filho? Quantos versos numa canção aquecem o coração aflito? Com quantos abraços se conta o amor de uma mãe? Na amizade longa, quantos bons dias têm? Qual a resposta certa na prova da vida? Qual o enigma se quer decifrar? Pra pergunta errada, qual a resposta certa se poderia dar? Existe a melhor conclusão para a indagação que não se ousou tentar? Quem conta a verdadeira história é quem vive ou quem a viu passar? Quantos passos deu, quem perdeu, para recomeçar? O perdão se implora antes ou depois de errar? Do aperto de mão do irmão traidor, quem poderá duvidar? Quantos terços se rezam até se ver a Deus? Quantos sermões precisam para se abençoar? Quantas mãos se unem numa única oração? De quantas verdades se faz a razão? Com quantas teorias se explica um fato? Com quantas ordens se impõe um querer? Com quantas mentiras se nega o ato? Com quanta força se cumpre o dever? Quantos segredos tem um pecador? Quantas ilusões tem um sonhador? Quantas direções percorre o perdido? Quantas vitórias faz um vencedor? A água que desce a montanha é mais limpa que a que vai voltar? As asas que batem no céu, planam para só pra descansar? A beleza na flor cresce lenta, por que se haverá de apressar? Por que segurar a emoção na primeira vez que se vê o mar?