Promessas De Remendos
Composição: Vina.Esse grito escondido, marcas, traços e atritos,
que desabam nesse peito e não encontram esse chão;
esse todo de partidos que se mostra tão ambíguo
nessa busca tão maldita, tão querida que é o amor;
com promessas de remendos, de recortes e castigos,
de desejos tão sem nome, tão famintos e tão vãos.
Nesse sorriso de feridas que cura o amor que dói sem fim;
a plenitude não se finda, caminha em busca do total;
ao nos salvarmos do perigo, vemos o amigo que é do mal
que só transita às escondidas fazendo o amar ser tão fatal.
Mas os sonhos que se expiram e se mostram tão antigos
são apenas o porvir de um depois que já passou;
se esse tempo então se marca num passado tão pra frente
eu só posso ter na mente que o futuro é ancestral;
e as sombras que se somam, e os versos que ecoam,
o amanhã é a semente desse agora que não estou.
O tempo insiste não termina, o que fazemos é um borrão;
é a nossa obra o que anima, mas que reclama conclusão;
e o que foi ontem revisita, cobrando ajustes, revisão,
mudando agora o que antecipa posteriormente o que passou.
E a falta desse norte, esse abrigo de abismo
que também nos corta a trama e nos mostra o que não tem;
essa calma que é rompida, nessa guerra que anima,
nesse quadro indefinido que nos faz gritar além;
que revela o escondido, que esconde o que é visto
nesses lados que nos pomos protegidos, tão sem lar.
Em meio a esse labirinto somos a sorte e o azar;
o sonho que tanto fascina, nos salva e volta a naufragar;
ao ter certeza, temos risco; ao ver a ordem, vemos caos,
pois tudo que beija o esquisito paquera tudo que é normal.