Poeta Do Guetto
Composição: Weldson Pereira Cabral.Eu sempre busco um jeito de desabafar
Desestressar, sei lá, cantar para relaxar
Com papel e caneta na mão eu vou rimando
Cantando, versando, não sei bem o que vou fazer
Hoje eu não quero me calar, não
Não importa se você vai gostar ou não
Pois cada um é cada um é cada um
Não tenho a ver com isso
Considero todos eles manos meus
Alemão, Americano, Japonês ou Judeu
A guerra racial é um genocídio
É a cultura cometendo um suicídio
Caminhando e cantando eu vou olhando para cima
Tentando eu vou, continuar com minha rima
Hoje eu não quero me calar, não
Não importa se você vai gostar ou não
O rapper é um poeta do gueto, e suas condições sociais?
Habitat, estilo, vivência e dialeto
A mulherada se joga, rebola, deseja, me quer
E olha que eu nem sou o "Jared Leto"
Em meio à violências sociais, a gente vai vivendo na moral
Preste atenção irmão, preste atenção irmã
Porque eu ainda não vou me calar
O quê é um gueto?
Um lugar de refúgio, um lugar de medo
Um lugar para amargar todos os nossos sofrimentos
E esse gueto é você, que não quer perceber
Fica aí com sua cegueira cognitiva
Quando acordar, seu "cuzão", você me avisa
Hoje eu não quero me calar, não
Não importa se você vai gostar ou não
Dizem que nós, MCs, fazemos parte de uma facção
Dizem que os MCs são maloqueiros, maconheiros e ladrões
Mas que porra é essa?
Tô nem aí!
Facção é facção, depende do prisma
De que lado estamos vendo, seguimos a rima
Não tem muita diferença ao meu ver
Um bandindo de Ferrari, descalço, fardado,
de toga, de terno e gravata, ou com a bíblia embaixo do braço,
ou pedindo seu voto, ou aquele que abraça, te rouba e te mata
Um bandido de Armani, Rolex ou Hugo Boss, Nike, Gutti
Todos eles são "bad-boys" (ou "bad-girls")
A essência é a mesma "bro"
O mal não tem uma marca não
A violência do país não começa na favela
Começa na história, começa na colônia
Começa no salário que é uma bagatela
Não estou fazendo apologia a vacilão
Pois vacilão tem que pagar indo para prisão
Mas quem é vacilão? Quem é mais errado? O vacilão parlamentado? O vacilão togado? Ou o substrato da inércia administrativa fumando pedra no mercado?
Agora eu vou parar
Mesmo que eu ainda tenha muita coisa para rimar
Sua cabeça vai explodir!
Não! Não! Não! Não!
Eu vou partir
Mesmo que a minha vontade ainda seja de dizer que
Hoje eu não pude me calar, não
Não importa se você vai gostar ou não