Tonha E Seus Encantos
Composição: Walter Lajes.TONHA E SEUS ENCANTOS
Peço aqui sua atenção
Pra uma estória tristonha
Que assucedeu com uma amiga
Mais conhecida por Tonha
Que anoiteceu tão bonita
E um dia acordou medonha!
Quando foi se olhar no espelho
Este logo se quebrou
Ela ficou sem entender
Mesmo assim não assuntou
Pensou ter sido uma pedra
Que algum menino jogou...
Dirigiu-se à cozinha
Para tomar seu café
Susto grande teve a mãe
Quando esta pobre deu fé
Que no lugar de sua fia
Tinha ali um caburé!
Sua mãe então perguntou:
O que fizeram contigo
Terá sido catimbó
Ou terá sido castigo?
Porque essa sua feiúra
Não desejo a um inimigo!
Tonha se desesperou
Gritando feito maluca
Enquanto sua mãe correu
Pra buscar água com açúcar
A feia pegou um revólver
Pensando em atirar na nuca.
Mas lhe faltou a coragem
A coitada se tremia
E além do mais se lembrou
Que seu pai lhe mataria
Se gastasse alguma bala
Com bestagi ou liotria!
Viu que não tinha mais jeito
A não ser se conformar
Com a sua esquisitice
Foi ao rio se banhar
E lavar o que tava sujo
Pro fedor não se alastrar...
No caminho para o rio
Fez muita gente correr
Fez o gado se espantar
Uma cobra se esconder
E um cego não correu dela
Porque não pode lhe ver.
Quando chegou lá na margem
Com a correnteza parada
Viu seu reflexo na água
Levou um susto e deu risada
Naquela crise de riso
Quase morreu afogada!
Só não conheceu a morte
Por culpa de um pescador
Que pescava ali por perto
E por ser bom nadador
Num instante trouxe Tonha
Que tava mole e sem cor!
E depois que jogou fora
Toda água que engoliu
Ela então olhou pro lado
E um cabra feio ela viu
Que com o grito que ela deu
Marcou carreira e sumiu!
Sem que a Tonha percebesse
Apareceu uma senhora
Com um jeito de cigana
Que dizia: E agora?
Quem ia quebrar seu encanto
Era o feio que foi simbora!
Sei que a coitada da Tonha
Já secou sua canela
De tanto correr atrás
De quem quebre o encanto dela
Mas inda hoje não achou
A tampa pra sua panela!
WALTER LAJES.