5 perguntas para Marcelo Brinholi, nova voz da música pop brasileira
Por: Gustavo Morais
A cena cultural do Estado do Mato Grosso do Sul é duma riqueza incomum. No que diz respeito à música, seja lá qual for o estilo, não falta gente talentosa, carismática e repertórios memoráveis. Nesse contexto, um dos expoentes é o cantor compositor e músico Marcelo Brinholi, a nova voz da música pop brasileira.
Em 2019, Marcelo lançou dois bundles (pacotes) de músicas, Vol. 1 e Vol. 2. Entre uma correria e outra com os compromissos de sua agenda, esse sul-mato-grossense tirou um tempinho para trocar um dedo de prosa bem bacana com o Blog Palco MP3. Se liga so na qualidade do papo!
1) Qual é o grande desafio de fazer um som pop good vibes em uma das capitais do sertanejo? Os públicos dialogam bem?
Marcelo Brinholi: uma das grandes vantagens do conceito musical que trabalho é poder dialogar com outros estilos e um público variado. Acredito que os desafios que encontro são os mesmos que outros artistas encontram em outras cidades com o porte de Campo Grande. A cultura do sertanejo é popularizada, então acho melhor firmar os laços com os artistas da região e com o público, pois sei que é possível esse diálogo e essa troca. A grande questão é conseguir conquistar espaço. Isso depende de muito trabalho.
2) Ainda sobre a relação da “Capital Morena” com o sertanejo, sabemos que há uma cena de de música folk, pop rock e regional. Para você, o que falta para esses outros estilos saírem do “underground” e ganhar o apreço do grande público?
Marcelo Brinholi: o “underground” faz parte da cena. Tem que ter… isso é o que nos diferencia. Mas respondendo, o que falta é profissionalismo. Existem grandes bandas aqui no MS que se apresentam em saraus e participam de coletivos, mas não deixam o profissionalismo em uma gaveta.
3) A letra de Amanheceu entrega mensagens de encorajamento, aprendizado e incentivo. Quais foram suas inspirações na hora de escrever esse rolê?
Marcelo Brinholi: essa história é demais. A história começa em uma viagem a trabalho. Na época eu acompanhava uma banda regional e no trajeto perderam um equipamento meu enquanto eu dormia. Ao chegar na cidade, me deparei com a situação e fiquei desesperado e profundamente triste. Voltamos para Campo Grande de madrugada e cheguei em casa por volta das 4h da manhã. Na época morava em uma rua de feira e era um domingo tradicional. Cheguei totalmente acabado em casa… pensando em como me recuperaria daquilo, pois o que havia perdido era muito valioso. Sempre gostei muito de filosofia e na época estava lendo um livro que menciona a situação de quando “a pedra rolar”, que significa as situações que são mais fortes que nós e muitas vezes inevitáveis. Completei esse pensamento pensando “mas mesmo assim, tenho que cantar uma canção de amor”. E assim começa o início da ideia da música. Em seguida começa a experiência de viver e escrever ao mesmo tempo. A estrofe é a descrição exata do que vivi. Fiz um café, lavei o rosto para tentar esquecer as lágrimas. Minha namorada dormia no quarto. Enquanto eu estava na varanda do fundo, era possível ver as pessoas na rua, felizes comendo um pastel, tomando um suco. E eu com a minha vontade de recomeçar nessa luta e querer mais flores. Até que olhei para o céu e ele estava com aquelas cores do amanhecer. Então veio a inspiração. Escrevi a letra em poucos minutos e assim que terminei, compartilhei com o Luan Saraiva, que é autor também, que fez alguns ajustes no texto e a música estava pronta. Foi uma experiência de cura inesquecível. Um momento totalmente transformador na minha vida. Espero que outras pessoas sintam algo parecido com o que senti naquela manhã.
4) As 5 músicas do Bundle Vol. 2 apresentam ótimas escolhas sonoras. Como foi que veio a ideia do belo arranjo de cordas para a faixa Nada Brilha Mais Que Viver?
Marcelo Brinholi: hoje faço parte gravadora MM MUSIC que acolhe meu trabalho com muito respeito. Assim como eu respeito e agradeço demais tudo o que eles têm feito por mim. Lá dentro conheci o Eber Sória, o “Pajé” – como é conhecido. Ele já tinha algumas ideias sonoras quando começamos a nos encontrar para produzir as músicas. Eu também já tinha algumas referências, então juntamos nossos sonhos e ele produz meu trabalho com uma vontade que me motiva muito. Quando vamos entrar para gravar, nos dedicamos totalmente em cada parte, timbres, instrumentos, conceito sonoro e muitas experiências. Passamos horas escolhendo um timbre de guitarra. Sobre o arranjo de Nada Brilha Mais Que Viver, não foi diferente, ficamos tocando a música varias vezes até encontrar o melhor solo e então gravamos um vídeo para não esquecer a ideia. No dia seguinte, já começamos as gravações oficiais. Era como se faltasse apenas o solo para continuarmos a música. Foi um momento muito feliz quando ouvimos a música finalizada. Me sinto muito feliz hoje em trabalhar com a equipe da MMMUSIC. Um verdadeiro presente em minha vida.
5) Entre Velas e Vinhos tem cara de hit, hein? Há planos para trabalhar essa ótima canção junto ao público?
Marcelo Brinholi: Entre Velas e Vinhos é uma música em parceria com meu grande amigo Arthur Rostey. Escrevemos ela e sabíamos que a música era boa e eu disse a ele que gravaria. Meu plano com ela é gravar futuramente uma versão ao vivo com banda completa, trio de sopro, percussão e backing vocal. Trazer uma sonoridade bastante brasileira numa versão que coloque todo mundo pra dançar. Quem sabe em breve não venha um trabalho ao vivo desse?