Conheça as novas vozes negras da cena independente
Por: Thiago Fagundes
A música sempre foi uma das principais manifestações da forma negra de tomar o mundo. Como não poderia deixar de ser, a cena independente atual também está recheada de novas vozes negras pra gente descobrir.
Foi pensando em apresentá-las a você, caro leitor, que este post foi feito. Aqui você vai conhecer artistas novíssimos que têm tudo para daqui a pouco tempo figurarem no mainstream da música brasileira. Confira!
5 novas vozes negras pra você prestar atenção em 2021
A escolha não é fácil, tendo em vista a quantidade de pretos e pretas geniais batalhando na cena independente brasileira. No entanto, conseguimos, sem dúvida, traçar um perfil diversificado da nova música black brasuca.
Ah, e não esquenta que tem indicações de videoclipes e playlists exclusivas pra você curtir essa galera. Só vem!
1. Prika Lourenço
Catarinense, natural da cidade de Tubarão, essa mina é um achado raríssimo na nova cena independente. Ela estreou em 2016 com o disco ‘‘Longe para o tempo quiser ir’’, trabalho que divulgou em uma viagem solo de bicicleta.
Isso mesmo, a Prika teve a moral de percorrer de bike o litoral catarinense, passando pelo Rio Grande do Sul até a Barra do Chuí. Levando consigo seu disquinho, ela viveu nesse rolê épico as experiências que inspiraram seu trabalho subsequente, o excelente ‘‘Vento Norte’’
Esse novo registro é todo fundamentado na canção e, até por isso, o violão é o fio condutor dos arranjos. Aliás, a produção é classe A, com uma cozinha percussiva afiadíssima que confere dinâmica e balanço às canções.
Além disso, você ouvirá ornamentos incríveis como naipes de sopros e arranjos de cordas. Culpa do Marcos Archetti, músico jazzista de primeira linha que dirigiu e produziu o disco.
Tendo em vista que atualmente os beats, texturas e programações são onipresentes na música pop, esse álbum acaba se destacando por fugir ao lugar-comum.
Em outras palavras, é bem legal ouvir um som de instrumentos acústicos bem tocados e timbrados em um disco.
2. Pacha Ana
Essa mato-grossense tem se destacado na cena como poetisa e rapper de peso. Negra rara desde a escolha do nome artístico, que significa ‘‘universo’’ na língua quéchua. Pacha Ana é uma das vozes que empoderam a cultura afro-brasileira com a potência de suas rimas.
Aliás, a questão da ancestralidade e da religiosidade de matriz indígena e africana é um dos motes temáticos do seu trabalho. Além disso, é claro, transparece uma lírica feminista necessária e inspiradora das canções.
Seu disco de estreia saiu em 2017 e recebeu o título de ‘‘Omo Oyá’’, novamente aqui a referência linguística que aponta para a África, nesse caso ao iorubá. Filha de Iansã, como o título traduz, o trabalho veicula a luta antirracista e engrandece a cena Hip Hop brasileira. E faz isso mostrando o caminho das raízes pra galera que tá começando.
Pacha Ana é também cria das batalhas de MCs, foi lá que a mina se destacou como uma potente voz feminina no meio da machaiada do rap.
Em resumo, o som da Pacha Ana é pesadão, o discurso é afiado e o flow é virtuoso. Duvida? Então confere essa pedrada!
3. Nêssa
Multitalentosa, a Nêssa vem das artes visuais: era designer e ilustradora antes de começar na música. Em 2018, saiu o primeiro single autoral da artista. E não deu outra: o som chamou a atenção da galera na internet, rendendo dezenas de milhares de streamings nas plataformas digitais.
Ah, seus dotes como ilustradora não ficariam desperdiçados na carreira de cantora, tanto que a gata fez um lyric vídeo lindão pro seu segundo single ‘‘Hard’’. Além disso, os lançamentos subsequentes foram lhe rendendo popularidade até que, em 2018, recebeu o convite pra integrar a imersão ‘‘Youtube Next Up Artistas’’.
De toda forma, tanto a identidade visual quanto a linguagem musical dos clipes da Nêssa são bastante palatáveis. Por isso, é bastante nítido o potencial de suas produções alcançarem logo logo o topo das paradas.
Para ter uma pequena amostra da potência e do talento dessa preta, se liga nesse pancadão em feat. com a Cronista do Morro, ‘‘Na maldade’’.
4. Malaca
Diretamente de Belo Horizonte, essa jovem cantora está dando os primeiros passos na carreira e parece estar no caminho certo. O som da Malaca é bastante calcado no R&B, e a mina sabe criar um clima em suas canções. Além disso, ela o faz sem se distanciar da linguagem do trap. O que é fantástico.
Aliás, pelo flow mais cantado e melodioso, sua música tem tudo para agradar não apenas ao público de nicho, da cena trap/rap. Nas primeiras audições, você se liga que está diante de uma cantora pop que logo em breve será um sucesso absoluto.
De qualquer forma, sem dúvida, trata-se de uma expressão singular na cena hip hop mineira. Confira o som classe A da mina:
5. Deco Allmeida
Um dos nomes mais jovens daqui, Deco Allmeida também dá os passos inaugurais em sua carreira e já mostra que tem bala na agulha. Natural de Salvador, o cantor já se afirma como uma potência artística dentro do universo LGBTQIAP+.
Com um trabalho bastante inventivo, Deco incorpora suas vivências no teatro e na dança em sua música. Além disso, seu som é cheio de synths, beats eletrônicos vintage e tem uma produção bastante calcada no indie/tecnopop.
Dê o play no videoclipe de “Desejo” e confira a qualidade bem acima da média dessa produção.
Palco MP3 afinado com as novas vozes negras
Nós aqui do Palco MP3 somos sobretudo entusiastas da música e da cena independente! Portanto, queremos sempre trabalhar em benefício de suas mais diversas vertentes e expressões.
Como você bem viu e ouviu, são diversas as vozes negras que protagonizam em nosso cenário musical com talento e inspiração.
Por isso, para reverberar ainda mais essas vozes, resolvemos criar o Festival Vozes Afro Palco MP3. E você poderá conferir esse maravilhoso evento em nosso canal do YouTube no dia 18 de Novembro!
Esperamos que você esteja aplicadinho nessas novas vozes negras da nossa música brasileira! Ah… E conforme prometido temos algumas playlists aqui pra você curtir black music de qualidade!