O que o Brasil ouve? Saiba quais ritmos dominaram os fones na última década
Por: Laryssa Costa
Saber o que o Brasil ouve é importante não só para medir o sucesso nas rádios do país, mas como estratégia de construção de som. Assim, se há 10 anos o país consumia canções internacionais, hoje são as vozes nacionais que dominam os rankings. Tal comportamento impacta não só na sonoridade, mas na língua para compor e cantar e estilo musical predominante.
Esse cenário, objeto de estudo de tantos da indústria da música, é reflexo não só do que se ouve, mas como, onde e porquê. Nesse sentido, o Ecad apresentou um estudo recente sobre o comportamento da música em terras brasileiras na última década.
Então, para começar 2022 com uma noção do que está por vir, vem com a gente entender mais sobre o assunto!
A influência da tecnologia
Antes de tudo, é inegável a transformação tecnológica que os meios de ouvir música sofreram nos últimos anos. Se em 2011 o CD era o principal meio de escuta, com seus encartes e versões deluxe, hoje o lugar é ocupado pelo streaming. Dessa maneira, a escuta que antes era um evento e exigia espaço físico, hoje pode ser feita durante o trabalho ou no ônibus. (Sim, sabemos que nessa hora você se imagina em um videoclipe).
Assim, o impacto não foi apenas por onde entrar em contato com a música, mas em qual momento. As músicas passaram a cativar logo nos primeiros segundos e diminuíram consideravelmente sua duração, acompanhando a nova rotina da sociedade. Já em termos de arrecadação para o artista, e em especial o independente, novas formas de captar e identificar canções trouxeram agilidade no processo.
Além do streaming, outra ferramenta de divulgação das músicas foram as redes sociais, que mais do que contribuir para o marketing do artista, desencadeiam plays. Ou seja, os gêneros musicais que acompanharam essa evolução e souberam se adaptar às transformações, certamente estão entre o que o Brasil ouve.
O impacto da pandemia
Ao fechar a década de transformações, a música se deparou com outro impasse: uma pandemia e com ela o isolamento social. Os shows foram trocados por lives, o presencial por telas e a sonoridade de cada evento por transmissões em massa. Exemplo desse fenômeno foi a live da eterna Marília Mendonça, uma das mais assistidas da história do YouTube.
Logo, esse feito mostra não só a necessidade que os ouvintes tiveram de se reconectar com a música, mas a preferência pelo nacional. Como resultado disso, a pandemia ressaltou não só a consolidação do sertanejo, mas a colaboração do segmento para superar a ausência de shows.
E é em meio a esse contexto de mudanças que o Ecad apresentou, junto a mais informações, as músicas da década.
O que o Brasil ouvia em 2011
De acordo com o relatório, no ano de 2011, as músicas tocadas nas rádios eram predominantemente internacionais. Ou seja, de 20 elencadas, 13 não eram brasileiras. Porém, dentre as sete restantes, o sertanejo já ocupava lugar de destaque, anunciando o movimento que seria o sertanejo universitário.
Nessa lista, integravam canções como “Price Tag” da Jessie J, “What ‘s my name” da Rihanna e duas de Beyoncé, “Irreplaceable” e “Sweet Dreams”.
Já em relação aos nomes nacionais, “Amar não é pecado” de Luan Santana e “Ai se eu te pego” de Michel Teló, ocupavam os primeiros lugares. Dessa maneira, a ascensão do sertanejo já anunciava sua popularização e efetividade de divulgação.
O que o Brasil ouve agora?
Agora, embora a listagem de 2020 continue apresentando nomes internacionais como Dua Lipa e Shawn Mendes, 14 das 20 músicas são nacionais. Além disso, a maioria vem do sertanejo, como “Libera ela”, de Maiara e Maraisa, e “Graveto”, de Marília Mendonça. Logo, essa mudança mostra não só a força do estilo musical, mas a consolidação também de movimentos como o feminejo.
Mais do que execuções na rádio, as músicas tocadas em shows também mudaram. Em 2011, as músicas mais executadas vinham do axé, pagode, samba e arrocha, além dos lançamentos da época.
Porém, ao final da década os clássicos se mantiveram e todas as 20 músicas apresentadas foram nacionais. Como resultado disso, “Arerê” e “Eva”, de Ivete Sangalo, se mantiveram tanto em 2011 como em 2019.
Qual será o som da próxima década?
Embora o relatório já tenha apontado a consolidação do sertanejo, ainda não dá para prever o som da próxima década com o que o Brasil ouve hoje. A cada mês novos artistas têm surgido, com autenticidade e domínio de carreira, explorando sonoridades regionais ou alternativas.
Assim, para prever os novos sucessos e fazer parte dele, é preciso estar atento ao que é produzido hoje e pode incorporar em seu trabalho. Para isso, é só ouvir nossas playlists e ficar por dentro dos estilos mais escutados da década aqui no Palco!
Conta pra gente: o que você ouvia em 2011 e ainda ouve agora? Alguma dessas canções impactou o seu jeito de fazer música?