Qual a diferença entre versão, releitura, regravação, remix e cover?
Entenda os tipos de reprodução musical e como funcionam os direitos autorais em cada um deles.
Por: Laryssa Costa
Já ouviu uma música e só depois descobriu que ela era de outro artista? Ou ainda, já quis gravar uma música que não foi composta por você e dar a ela a sua identidade? Embora sejam situações comuns, elas exigem atenção quando se é artista, pois há significativas diferenças entre versão, releitura, regravação, remix e cover.
Para não ficar perdido entre esses conceitos e garantir que você não tenha problemas relacionados à direitos autorais, preparamos um guia especial sobre o assunto! Assim, você vai compreender a definição de cada um e saberá como trabalhar cada tipo de reprodução musical sem fazer nada de errado, do ponto de vista judicial.
Até porque, embora seja algo interessante, você não pode regravar uma música de outra pessoa sem pagar os direitos autorais correspondentes (seja por meio de selo ou gravadora, seja diretamente para o outro artista).
Por isso, é primordial saber o que são versão, releitura, regravação, remix e cover, para evitar problemas judiciais. Então, bora entender as diferenças entre cada tipo?
Versão
Sabe quando você ouve uma música nacional e parece reconhecê-la de algum lugar? Pois bem, ela pode ser uma versão. Nesse caso, a versão nada mais é do que a mudança para outro idioma, mantendo arranjo, timbre e melodia originais.
Para gravá-la, é preciso pedir autorização prévia do autor, que pode aceitar ou não. Quer um exemplo mal sucedido? A cantora Melody gravou a versão de Positions, da Ariana Grande.
O caso repercutiu na internet e a compositora original, Nija Charles, bem como a cantora americana, agora têm os créditos de Assalto Perigoso. Assim, a renda teve de ser redistribuída a todas as envolvidas.
Mas algumas versões bem conhecidas foram feitas da maneira correta, tornando-se sucesso do público. Alguns exemplos são Imortal’ de Sandy & Junior (originalmente Immortality, da canadense Céline Dion) e O Astronauta de Mármore, versão da banda Nenhum de Nós para Starman, de David Bowie.
Releitura
Apesar de muitos confundirem com o cover, a releitura é aquela onde a letra se mantém a mesma, mas o arranjo é alterado.
Alguns dos exemplos mais famosos são as releituras em ritmo de samba feitas pelo grupo Sambô, adaptando clássicos do rock, como U2.
As releituras também podem ser feitas de canções da mesma língua, assim como o músico Rodrigo Suricato fez do Raça Negra e demais artistas, no álbum “Suricateando” (2020).
Nesse caso, também é preciso solicitar autorização prévia e pagar os devidos direitos autorais, para evitar que a canção seja vetada.
Regravação
Constantemente confundida com a releitura e até com o cover, a regravação é exatamente o que o nome diz, uma nova gravação de algo já existente.
Nesse caso, isso acontece porque um artista muda de gravadora, por exemplo, e regrava o seu catálogo antigo agora sob uma diretriz diferente. Essa regravação gera um novo fonograma, e, consequentemente, um novo ISRC.
O exemplo mais recente envolve a cantora Taylor Swift, que, após ter problemas com os direitos de seus antigos álbuns, regravou todos pela Republic Records.
Remix
Se lembra da releitura? Quando essa releitura utiliza efeitos sonoros de outras músicas, samples e/ou alterações eletrônicas, ela se torna um remix. Logo, se refere ao processo de DJs e produtores musicais adicionarem elementos a uma obra.
Alguns remixes se tornaram mais famosos que as próprias canções originais, fazendo com que o público achasse que essa era a versão oficial. Exemplo disso é Summertime Sadness, da Lana Del Rey, remixada pelo produtor francês Cedric Gervais, que levou um Grammy pela faixa.
Além dos novos trechos, é possível que o remix possua a retirada de instrumentos, sofra modificação no seu arranjo, tenha trechos repetidos ou removidos. Quando outras músicas são utilizadas na criação de novas faixas, chamamos de mashup.
Nesse caso, as alterações dependem da autorização da pessoa responsável pela obra, tanto para uma nova gravação quanto para a utilização no audiovisual, em games etc. Já para apresentações ao vivo, não há necessidade, mas é bom solicitar da mesma forma, para evitar problemas futuros, caso os mashups sejam gravados.
Ao utilizar uma nova música ao seu remix, certifique-se de utilizar pequenos trechos. Assim, ela não será o objeto principal da sua nova faixa (caso contrário, pode prejudicar sua reprodução livre).
Cover
Por fim, o cover tem relação com a interpretação da música, especialmente durante um show. Assim, quando o artista canta de maneira fiel à canção original, preservando tom, instrumentos, andamento e ritmo, estamos falando de um cover.
Alguns covers acabam se sobressaindo mais do que a execução original, fazendo com que o público ache que a música seja dos novos intérpretes. É o caso da canção Knockin’ On Heaven’s Door, escrita por Bob Dylan e reinterpretada por Guns N’ Roses, Avril Lavigne, Bon Jovi e tantos outros nomes.
Recentemente, não apenas os artistas estão produzindo covers, mas inteligências artificiais também. Além disso, essa tecnologia tem reinventado novos cenários, como artistas já falecidos cantando novos hits.
Apesar de haver semelhanças em alguns casos, nota-se ausência de expressão, sentimentos e improvisos, o que torna qualquer faixa única.
Muito se discute sobre benefícios e malefícios dessa nova realidade, que pode permitir simulações, experimentações criativas e até novas ideias. Porém, abre margem para criações não autorizadas e usos indevidos da voz.
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Assim, você estará muito mais preparado para dar os próximos passos na sua carreira, tendendo sempre a evoluir cada vez mais!